sábado, 18 de abril de 2015

Cirurgias espirituais chamam a atenção no município de Lindóia do Sul

Após curas tidas como sobrenaturais e água milagrosa em uma caverna em Sertãozinho, um novo episódio anômalo começa a se tornar público em Lindóia do Sul. Um religioso está arrastando centenas de pessoas que estariam alcançando cura de diversas doenças após seus tratamentos, feitos em uma residência em Linha Acordi, comunidade que fica próxima a Sertãozinho. Há oito meses o padre Levi José Schlindwein, fundador da Igreja Católica Apostólica Sagrada Família, com sede em Xanxerê, está atuando no local, e usa uma vez por mês o espaço, cedido por um agricultor para a prática de cirurgias espirituais e outros procedimentos.


Sentada na porta da cozinha, uma moça anotava os nomes dos interessados e o atendimento era por ordem de chegada. O religioso atendeu a todos e cobrou R$ 20,00 de cada pessoa, mas o valor era opcional, ficando a critério de cada um pagar o que achasse conveniente. Enquanto o padre Levi atendia acompanhado por uma assistente, outro religioso conversa com as pessoas e fazia visitas a casas, “quebrando” energias negativas e outros males.
Pé engessado
No mês passado, um agricultor de Lindóia do Sul chegou à “casa de orações” com o pé engessado, pois o tornozelo estava fraturado. Sem obter melhoras no procedimento, buscou atendimento junto ao padre que realizou uma cirurgia espiritual no pé. Na última sexta-feira, ele retornou a casa para mostrar a cicatriz deixada pela cirurgia e informar que se curou graças à ação do religioso. Além de problemas físicos, alguns procuram o local para tratar de doenças espirituais. Nestes casos entra uma gama de desequilíbrios, como depressão, ansiedade, medos e preocupações. Em 5% deles o religioso afirma ser necessária a prática de expulsar espíritos e fez um alerta: “se você ouvir gritos ou barulhos aqui de fora, é normal”.
Bisturi e marcas, mas nada de sangue
A cirurgia espiritual é o carro-chefe nos atendimentos do padre e sua equipe. Há 23 anos ele atua na área e diz que aprendeu muito com o passar dos anos, mas reitera que não é médico, “é um sacerdote”. Reforça sua linha de trabalho com base na passagem bíblica de São Mateus, onde Jesus teria dito aos Apóstolos que eles deveriam evangelizar, expulsar demônios e curar enfermos. “Uso de um dom que Deus me deu. É um trabalho sacerdotal para libertá-los de pensamentos e manias”, destaca. Ao que parece, padre Levi leva à risca o ensinamento transcrito na Bíblia.
A maioria que lhe procura é de desenganados pela medicina. Qual tipo de problema que eles têm, aqueles que o procuram?, indaga o repórter. “O que você imagina e multiplicado”, responde o entrevistado. O atendimento é individual e dura menos de seis minutos. O padre faz questão de convidar a reportagem para acompanhar as cirurgias espirituais e relatar o que acontece lá dentro. “Olha! Uma maca, álcool, soro e um cabo de bisturi”, descreve.
No quarto da casa improvisado para atendimento, o cliente senta em uma cadeira e relata o problema. Uma assistente fica ao lado dando suporte. Em seguida, a pessoa é convidada a deitar-se na cama. Então, o religioso inicia o procedimento, primeiro passando o cabo do bisturi na região onde há o problema. Por um certo tempo o religioso chegou a cortar a pele das pessoas, mas depois observou “que não era necessário fazer cortes com sangue, pois era uma cirurgia espiritual”. Hoje, usa apenas o cabo do bisturi, sem lâmina e sem sangue. Os pacientes, se assim podem ser chamados, chegam ao local de mãos vazias para reforçar a tese bíblica que diz “não leveis nada contigo e permanecei onde se sentir melhor”.
Por Alison da Silva/OJornal via Rádio Atual FM 

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