Sentada na porta da cozinha, uma moça anotava os nomes dos interessados e o atendimento era por ordem de chegada. O religioso atendeu a todos e cobrou R$ 20,00 de cada pessoa, mas o valor era opcional, ficando a critério de cada um pagar o que achasse conveniente. Enquanto o padre Levi atendia acompanhado por uma assistente, outro religioso conversa com as pessoas e fazia visitas a casas, “quebrando” energias negativas e outros males.
Pé engessado
No mês passado, um agricultor de Lindóia do Sul chegou à “casa de orações” com o pé engessado, pois o tornozelo estava fraturado. Sem obter melhoras no procedimento, buscou atendimento junto ao padre que realizou uma cirurgia espiritual no pé. Na última sexta-feira, ele retornou a casa para mostrar a cicatriz deixada pela cirurgia e informar que se curou graças à ação do religioso. Além de problemas físicos, alguns procuram o local para tratar de doenças espirituais. Nestes casos entra uma gama de desequilíbrios, como depressão, ansiedade, medos e preocupações. Em 5% deles o religioso afirma ser necessária a prática de expulsar espíritos e fez um alerta: “se você ouvir gritos ou barulhos aqui de fora, é normal”.
Bisturi e marcas, mas nada de sangue
A cirurgia espiritual é o carro-chefe nos atendimentos do padre e sua equipe. Há 23 anos ele atua na área e diz que aprendeu muito com o passar dos anos, mas reitera que não é médico, “é um sacerdote”. Reforça sua linha de trabalho com base na passagem bíblica de São Mateus, onde Jesus teria dito aos Apóstolos que eles deveriam evangelizar, expulsar demônios e curar enfermos. “Uso de um dom que Deus me deu. É um trabalho sacerdotal para libertá-los de pensamentos e manias”, destaca. Ao que parece, padre Levi leva à risca o ensinamento transcrito na Bíblia.
A maioria que lhe procura é de desenganados pela medicina. Qual tipo de problema que eles têm, aqueles que o procuram?, indaga o repórter. “O que você imagina e multiplicado”, responde o entrevistado. O atendimento é individual e dura menos de seis minutos. O padre faz questão de convidar a reportagem para acompanhar as cirurgias espirituais e relatar o que acontece lá dentro. “Olha! Uma maca, álcool, soro e um cabo de bisturi”, descreve.
No quarto da casa improvisado para atendimento, o cliente senta em uma cadeira e relata o problema. Uma assistente fica ao lado dando suporte. Em seguida, a pessoa é convidada a deitar-se na cama. Então, o religioso inicia o procedimento, primeiro passando o cabo do bisturi na região onde há o problema. Por um certo tempo o religioso chegou a cortar a pele das pessoas, mas depois observou “que não era necessário fazer cortes com sangue, pois era uma cirurgia espiritual”. Hoje, usa apenas o cabo do bisturi, sem lâmina e sem sangue. Os pacientes, se assim podem ser chamados, chegam ao local de mãos vazias para reforçar a tese bíblica que diz “não leveis nada contigo e permanecei onde se sentir melhor”.
Por Alison da Silva/OJornal via Rádio Atual FM
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